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O UNICÓRNIO E O GUARDA-CHUVA

Omedomandanomundo
As bombas explodem em mil megatons disentéricos, cabeças rolam, fascinadas com o sangue que jorra na areia e tentam enxergar o absurdo no próximo oásis onde a princesa penteia seus longos e sedosos cabelos untados com essências raras e óleos miríficos e os drones gargalham sinistramente dos galhos das palmeiras pulverizadas.
O sangue jorra na areia
Lá embaixo jaz o petróleo. Mais fundo o medo estagnado forma pântanos ácidos que corroem as  entranhas estraçalhadas dos góticos  e grita nas orelhas dos milhões de negros assassinados pelo rei belga que  orgulhoso preserva as mãos cortadas que angariam prêmios e causam inveja continental. Todos pedem ao menos uma a papai noel, mas este congela infernos futuros da Sibéria, rompe com diques que sobrehumanos esforços um dia ergueram para nada afinal vem o metano e cobre tudo nem um ai escapa da bruma assassina que só poupa os grifos inutilmente pousados como pedra na notre dame onde caiu a torre Eiffel e a ponte Ercílio luz riscou os céus e sumiu-se como antimatéria letal.
Um branco bem-posto porém mortofedendo.
A indignação ferve nas panelas e borbulham em fontes térmicas as lavas tremem vulcanicamente tomadas de um pavor histérico o mar enforca seus derradeiros peixes atônitos e refogados que produzem tomates mercuriais em latas de sopa. Um preto de bem com a vida é atingido mortalmente pelo contrassenso de mil toneladas de culpa concentrada em uma colher de chá derramada sobre seu crâneo. Mais tarde o escalpo é encontrado na banca de rua de xangai onde escravas sexuais vendem curiosidades do ocidente e mulheres de olhos puxados tentam inutilmente arregalá-los e esticam seus pés cada vez mais até um tamanho desproporcional e ganham todas as corridas olímpicas e as provas de salto a distância.
Patíbulos, forcas e garrote vil
Todas as capitais esmeram-se em construírem as maiores telas curvas e mostrarem ao povo que não, jamais, em tempo algum este ficou delas esquecido. Para que todos possam enxergar de forma democrática e unívoca o que se passa, as últimas árvores são derrubadas e  pios irritantes cessam como por encanto. O Sol abrasa satisfatoriamente e milhões viram pacientes de melanomas incríveis que se espalham como tatuagens e escaras pelos corpos feridos e felizes dos orgulhosos portadores.
Gran Circo de Las Cabezas Volantes
Os drones de cá se encontram com as cabeças voadoras de lá e cumprimentam-se cerimoniosamente. Aguardam expectantes que um deles seja o primeiro a explodir lançando aquela melecada gosmenta e todos se vejam levados a imitá-lo mesmo porque a lua cor de sangue paira robustamente ocupando toda a abóboda e as abóboras se mudam para vênus onde ficarão escondidas debaixo de um fumacê ofegante e barato. Os computadores gemem sob o peso de seus próprios pecados e pedem perdão agora é tarde, os grafenos restaram indecifráveis como desligo essa merda o choque é letal os sons amplificados de zilhões de caixas leva babélia ao espaço soturno e planetas profundos são postos fora de órbita e giram loucamente ao encontro fatal de seu próximo. Não foi um big bang mas peido de mosca que poluiu o ar afastou a todos  e decretou o estado de calamidade pública e notória o particular é o mais prejudicado pois a ele caberá pagar a conta de toda essa monumental cagada. Rebus sic stantibus pacta sunt servanda está insculpido nos portais carcomidos dos sete mil infernos onde lampião, napoleão e outros ãos e ãs mandammatammijam.

  

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