Postagens

Mostrando postagens de 2010
POESIA É MUITO CHATO (final)                                                                          $$$$$ Duas da manhã as solidões se esbarram nas ruas tristes e silenciosas. Daqui seguia o jovem revisor, de lá chegava o magro poeta. Que cruzou com o primeiro, saudou-o com um boa-noite firme e sonoro e continuou seu caminho. E, como sempre ocorre com os poetas, sabendo perfeitamente onde ia mas com a lúcida percepção de que não tinha a menor idéia se ia chegar. A noção de onde se quer ir, quase todos temos; já o convencimento da incerteza do chegar, esse só mesmo com a idade. Tal noção causa aos poetas a mesma resignação do lutar com as palavras. É uma luta de amor? É dor e amargura? É apenas trabalho? Nada disso ocorria, entretanto, ao jovem operário do jornal. Em sua orgulhosa humildade dos seres tímidos, corria para casa onde a mulher estremunhada ouviu aquela história maluca de um ônibus a toda e o poeta vizinho que passeava de madrugada cumprimentando com um sonoro boa noite
POESIA É MUITO CHATO (Continuação)                                              $$$$ Calhou que era o seu ônibus, nem parara direito no ponto e aquele barulhão de lata se soltando. Subiu, havia uns quatro passageiros, o trocador sonolento, o motorista adrenalina pura. Foi um pulo, logo a Cinelândia havia ficado para trás, o Aterro corria desabalado, aquelas curvas fechadas do Morro da Viúva metiam medo, nunca soube de nenhum que tombasse, vai que aquele, justo aquele ia ser o primeiro, parecia que o maluco do chofer tinha parte ou estava tomado, também podia ser que fosse pinga, Botafogo, Túnel, cortar a Praça Demétrio Ribeiro flechando rumo à Barata Ribeiro, de novo parecia que... Os sinais todos verdes, ou era assim que o motorista os enxergava. Puxou a cordinha, esse aloprado nem vai ouvir ou só resolve parar lá na General Osório. Sofreou o monstro bem no seu ponto, o maluco saudou-o com o ar mais normal, um boa-noite sorridente de quem está em paz com a vida, haja entender! Ne
POESIA É MUITO CHATO A careca brilhava. Ela mais os pequenos óculos redondos conferiam-lhe um ar circunspecto, quase triste. Naqueles tempos em que as pessoas faziam cerimônia umas com as outras, isso bastava. Entendiam o recado e mantinham distância. Aquele canto do bairro, no final da praia, passava então a ser um lugar bem seguro, quase um esconderijo. O jovem revisor do jornal, ainda funcionando no “Castelinho” da Avenida Rio Branco 110-112, vinha tarde da noite para casa. Às vezes ainda mais: calhava de o teletipo na redação começar a pipocar - algum maluco fizera um desatino qualquer do outro lado do planeta – logo vinha a ordem: pára tudo; segundo clichê! Ele e mais vinte colegas ficavam fumando, tomando café, fumando, contando piada, fumando e esperando descer o telegrama, já retrancado e com um “lead” que, no mais das vezes, mostrava para quem tinha um mínimo de experiência o cansaço e a pressa do redator em se ver livre daquilo. Então descia a matéria: um pequeno desv
 O TEMPORA...      Está novamente aberta a Temporada de Caça ao Cargo. Peralvilhos antigos, velhos e conhecidos casquilhos, todos se aprestam. Uma palavrinha aqui, um jornalista amigo ali, uma notinha plantada, um boato... Nesses momentos lembro Tancredo Neves Presidente eleito, a um desses curiosos espécimens humanos, que lhe dizia estar muito assediado por amigos e correligionários que davam sua nomeação para um ministério como consumada, convite feito pelo próprio Tancredo. E perguntava a este o que deveria responder aos outros. "Diga que você foi convidado por mim, meu filho, mas infelizmente não pode aceitar"...       OUTRO que vêm-me à mente é o certeiro Artur Azevedo, um cronista bastante esquecido, mas que teve seu momento de Estanislau Ponte Preta,  e fama talvez ainda maior do que deste último, no Rio de Janeiro de fins do Século Dezenove. Admira-me sobremaneira a atualidade de seu epigrama "Velha Anetoda": "Tertuliano, frívolo peralta, Que foi um
HAI-KAI  PRIMAVERA trilha de terra caminho enganalado flores de flamboyant

PALAVRAS...

Imagem
          Imagens. Quando um ser humano genial como o argentino Quino consegue exprimir em singelas imagens o que talvez não conseguiria dizer em um "post" imenso, calha mais é publicar seus cartoons, e dizer: modestamente, assino embaixo!                                                                             Paulo

E A FRANÇA, MAIS UMA VEZ, SAIU NA FRENTE...

Imagem
EM 1914 o "Almanaque Parisiense" (que nada mais era que um dos popularíssimos folhetos de propaganda de laboratórios farmacêuticos, antigamente distribuidios nas boticas) publicou o anúncio abaixo reproduzido. O assunto só agora volta à baila, com o referendo californiano sobre a liberação da canabis e - coisa de menos de vinte anos -  com a permissão de uso em vários países europeus.      Sei não, mas o que me parece é ser um daqueles remédios para todos os males, mais conhecido como PANACÉIA. A maconha provoca um estado eufórico transitório e, por isso, é  prazeroso usá-la. E tenho dito.
Imagem
                                                            APÓS O CARNAVAL Começo das aulas, toda aquela atrapalhação. Onze anos, primeiro ginasial. No lugar de uma professora, agora eram muitos. Cumpria saber o nome de cada um, principalmente guardar-lhes as idiossincrasias, modos, manias, o que fazer, quando falar, responder a chamada a cada uma das aulas. estava muito inseguro com tanta novidade. No primeiro intervalo – era preciso prestar atenção e jamais voltar a dizer recreio – espantou-se com o número de alunos mais velhos e a algazarra que produziam. Logo percebeu que ele e os demais colegas do primeiro ano eram invisíveis. Sequer as garotas da turma, algumas já botando corpo, eram olhadas. O pai fora com ele no início. No primeiro dia chegou a entrar na escola e ir até o grande pátio interno. Depois só o acompanhava na viagem de ônibus, o percurso durava mais de uma hora. Finda a primeira semana, passou a ir sozinho. Seguia até o ponto próximo a sua casa, esp
Imagem
T I R I R I C A           DUAS coisas ressaltadas em nós, brasileiros: o caráter extremamente preconceituoso da sociedade (o que é sinônimo de intolerância e obscurantismo), e mais a notável falta de memória.       Ainda adolescente em Belo Horizonte, na década de 50, come- cei a ouvir falar em um certo "Chico Fulô", misto de palhaço de circo e lutador de "catch" que na época atraía multidões para o ginásio esportivo da antiga feira de amostras. Eram lutas encenadas, onde a turma dos "mocinhos" lutava contra a dos "bandidos", tudo debaixo da torcida febril dos milhares que compunham a ululante platéia.      Um dos que faziam parte da "turma do bem" era o "Chico Fulô", que caiu nas graças da população e angariou enorme popularidade. Não deu muito tempo e lá estava ele, agora com seu nome real de Waldomiro Lobo, candidatando-se a vereador. Reações iradas, verdadeira cruzada em nome "da moral e dos bons costumes". Wa

CHOVE, CHUVA!

      A CHUVA chegou para valer aqui no Planalto central. Até domingo ainda existia aquele caráter de "chove não molha": caía um que outro pingo, um temporalzinho de curta duração e só. Era só cavar um palmo e o chão mostrava a seca de quatro meses ser ver um pingo de água.      Pois a partir de ontem, segunda-feira, isso mudou. Começou mais ou menos três da tarde, prolongongou-se noite a dentro e madrugada afora. Hoje pela manhã o solo já estava empapado, as plantas exibiam suas cascas querendo criar bolor, as folhas com milhões de gotículas.      Acho bom. Já falou o poeta, "quando chove é que faz bom tempo" e é verdade. Um que outro incômodo, mas essa água que vem dos céus é nossa verdadeira mãe, a responsável por vivermos e nos multiplicarmos. A bênção, Senhora Chuva!
Imagem
B E L E Z A 
Imagem
                                             MINHA AMIGA VERA BRANT                                                                                                Domingo é dia de ser feliz. E certamente estou entre aqueles “happy few” ainda mais felizes, porque podem chamar Vera Brant de amiga. E é um regalo do seu generoso coração  partilhar com seu próximo os seus afetos. É de amor mesmo que falo, pois quem não consegue se extasiar perante essas imagens?                                                  Tenho certeza que, quando de volta à casa ela mais uma vez se encanta com essa verdadeira dádiva da natureza, especialmente neste início de primavera, conforme vocês podem ver. É convívio antigo, mas estou certo que, a cada instante, se renova. Não sei se os dois chegam a conversar, mas aposto que de há muito existe uma cumplicidade, um sorriso maroto de parte à parte, um discreto cumprimento entre os dois, uma fraternidade, um amor especial. E o que não existe é ciúme: mal a
REFRÃES DO VOVÔ PAULO "Os sábios não dizem o que sabem, os tolos não sabem o que dizem" (Provérbio oriental) "Quem comprar o que não precisa, venderá o que precisa" (Provérbio árabe) "O homem comum fala, o sábio escuta, o tolo discute." (Sabedoria Oriental) "A língua resiste porque é mole; os dentes cedem porque são duros." (Provérbio Chinês) "Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele" (Provérbio português)
AOS SÁBADOS, POESIA                                                                                                                      VIDA "A mãe que faz à filha a trança" (Miguel Torga*) A mãe que faz à filha a trança, ao pé do grande, antigo espelho oval traz dolorida na lembrança a mesma imagem de outrora, no mesmo cristal. No devaneio, vê-se na pequena sentada na banqueta; e ao mesmo tempo repetida nas rugas, que a idade impõe que em seu rosto se deponham afinal. Vê-se também, a si própria: já foi ela a filha. Em tempos bem remotos era a criança e outra mão tecia, de sua vez, a sua trança. Agora, olhando a si mesmo refletida com este mesmo e outro, olhar de sempre de mirar tão triste, tão igual. * Miguel Torga, pseudônimo de Adolfo Correia da Rocha, poeta e escritor português (N.1907- F .1995)
O TUPI EM SÃO PAULO       A Professora Vera Lucia Dias, autora do livro que dá título a esta postagem, mandou-me simpático e-mail agradecendo a referência a ele. O que é bom, útil e bem-feito a gente elogia, cara professora!      E conforme vocês podem ver abaixo, ela também explicou o que significa "Apacê", nome da rua no Jabaquara onde fica a Editora Plêiade: Olá Paulo, Tudo bem? MUITO OBRIGADA pelo texto e divulgação do livro "O Tupi em São Paulo"! Abraços, OS. Apacê significa montículo (pequeno morro), saliente, destacado. Abraços, VERA LUCIA DIAS guia da cidade vera@passeiopaulistano.com       Aliás, o nome dessa Editora avivou antigas lembranças do Vovô Paulo: década de sessenta do século passado, Jean Paul Sartre, existencialismo, etc. etc. Era bom ter vinte anos... quem se interessar por essas pesquisas (hoje em dia mais no âmbito da arqueologia!) dêem uma olhada na wikipedia. Jacques Schiffrin, Gide, está tudo lá.
Imagem
PARÊMIAS DO VOVÔ PAULO "Quem ara e fia, ouro cria" "O hóspede e o carneiro aos três dias tomou cheiro" "Quem em novo não trabalha quando velho come palha" "Quem conta com panela alheia arrisca-se a ficar sem ceia" "Com pão e vinho anda caminho"                (Da obra "LITERATURA POPULAR DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO", de Joaquim Alves Ferreira, Vol. IV - 1999   EPHEMÉRIDES      Ih! meu patrão, o Vovô Paulo, foi dormir mais cedo e me pediu que fizesse hoje a notação dos fatos do dia. Logo eu, que faço uma confusão danada com nomes e datas!  Mas chefe é chefe, então vamos lá: em 19... não quero dizer, no dia de hoje, em 1864 aquela princesa se casa no Rio de janeiro com o príncipe (é claro que foi com o príncipe, sua tonta! Ia querer que a princesa se casasse com o motorneiro?), aquele francês, como é que ele se chama mesmo? Ah, não era príncipe, mas conde: Conde D'Eu. O nome da princesa era Áurea, não era? foi aque
Imagem
ENECOARUCA        Vera Lucia Dias é uma guia cultural, especializada na cidade de São Paulo. Bacharel em Turismo, com pós-graduação em Globalização e Cultura pela Universidade Paulista - Unip, igualmente é dessas pessoas que bota fé no que faz. Colheu de suas andanças pela capital paulista talvez a mesma curiosidade de muitos, a respeito dos nomes indígenas que nomeiam grande parte do lugares: ruas, praças, bairros, etc. Então foi atrás de aplacar sua sede de conhecimento e com isso acabamos lucrando, todos nós. É que de suas pesquisas veio à lume"O TUPI EM SÃO PAULO" - Editora Plêiade, SP (2008). Obra de poucas páginas mas de grande conteúdo, onde aprendemos o que significa Anhangabaú, Anhembi, Apinajé, Butantã, Iguatemi, Congonhas, Itaquera, Iguatemi, Mooca, Moema, Tamanduateí,  Tucuruvi e tantas outras. Comprei meu exemplar, ciumentamente guardado, não lembro mais onde, mas aconselho uma ida até o site da autora: http://www.passeiopaulistano.com/ onde está à venda. H
Imagem
APOTEGMA DO DIA:                                                                                           "TREINA na barba do tolo o barbeiro novo"
Imagem
A M É R I C A !  Um jovem marrano (judeu convertido à força ao cristianismo) de apenas 23 anos, chamado Rodrigo, originário da cidade de Triana, Espanha, foi quem primeiro avistou a terra americana. Após os Vikings, como fazem questão os americanos do norte. Segundo assinala o Barão do Rio Branco em suas "Ephemérides" era uma noite calma e enluarada, quando o vigia avistou um trecho de areia branca e deu o alarme. Romântico...               Quem quiser mais "clima", sugiro ler ao som da obra "Iberia", a suíte espanhola de Isaac Albeniz. Justamente a música chamada "Triana". Tem em piano (Rosa  Torres-Pardo, Rafael Orozco e outros e outras) violão (Narciso Yepes, Segovia, Paco de Lucia, e mais).                Livros? Nada melhor que ler da pena do próprio Colombo o relato de suas vicissitudes e triunfos: "Diários da Descoberta da América" edição da L&PM, traduzido por Milton Persson, introdução de Marcos Faerman e notas do "Pe

HAIKAIS DO INÚTIL DOMINGO

Imagem
I Quem é que sabe a dimensão do abismo a solidez do ar? II Todos os dias são vésperas do amanhã: Chegam, são passado. III INFÂNCIA balão japonês resplendia na noite: tão breve fulgor! (foto de Deny Paula Barros Pereira)

Ela escrevia desse jeito:

Imagem
"Perfeito é não quebrar a imaginária linha Exacta é a recusa E puro é o nojo. (Sophia de Mello Breyner Andresen)

De Tarde

Prestes a ir-se embora o sol. De cima do pau seco acauã capricha, que mãe-da-lua vem depois. Caipora sonha bons sonhos no liame de camacã que a preguiça é uma arte e cultivar o ócio a filosofia dos mestres.

NA MINHA MESA DE CABECEIRA (2)

SEMPRE OCORRE em listas: esquecimentos e omissões (in)voluntárias. Estas, Freud explicaria, talvez. Esquecimento pode ser esquecimento mesmo. O fato é que me lembrei de um "livrinho" que havia sumido da minha cabeceira e andava meio esquecido. Por acaso o encontrei logo depois de haver divulgado a lista: pecado! E logo o volume editado pela Global, dentro da coleção melhores poemas, dirigida pela Edla Van Steen. E a seleção dos poemas, bem como a nota introdutória da Profª Luciana Stegagno Picchio: Imperdoável!      O autor do "livrinho"? O prefácio diz que é um "poeta 'diferente' nos dias da sua estréia, católico surrealista, barroco, metafísico, visionário, insubmisso" ora, só podia estar falando de Murilo Mendes, não é mesmo? É uma preciosidade, vejam: "A infância vem da eternidade. Depois só a morte magnífica  -Destruição da mordaça: E talvez já a tivesses entrevisto Quando brincavas com o pião Ou quando desmontaste o besouro. Entre duas

EPHEMERIDES DO BARÃO

Imagem
SÁBADO, 16 de maio de 1818 - "Decreto de D. João VI aprovando as condições para o estabelecimento de uma colônia de Suíços (do cantão de Friburgo) na real Fazenda do Morro Queimado. A colônia tomou o nome de Nova Friburgo." Parabéns Nova Friburgo! 192 aninhos... a original suíça tem um pouco mais: 853 anos! ( imagem: site da Prefeitura Municipal de Nova Friburgo-RJ )

NEVE EM CURITIBA

Imagem
QUINTA-FEIRA , 17 de julho de 1975. A empregada bate na porta do quarto, demoro a entender sua fala, a voz alterada pela excitação. O quê? Neve? nevando? Onde? Saio do quarto e do janelão da sala vejo uns pingos brancos caindo suavemente no chão do jardim E não é que era neve!      Logo um tapete branco cobria tudo lá fora; saímos todos, e parecia que o resto da população havia tido a mesma idéia: as ruas estavam cheias de carros, uns buzinando para os outros. Vista do alto da Rua XV, na Praça das Nações, a cidade reluzia: era uma festa. Todos estávamos encantados, a não ser um bebê de menos de dois anos (hoje uma jovem senhora residente em São Paulo-SP), que logo demonstrou em alto e bom som que estava com muuiiitooo frio e de mau-humor.      No Centro a história não foi diferente. Carros desfilavam com bonecos de neve na capota, alguns com a camisa do Coxa, outros do Atlético: rivais até debaixo da neve!      E nevou ainda mais um pouco depois das onze da manhã, e outra vez à tarde.

NA MINHA MESA DE CABECEIRA

ESTÃO "Ao Correr da Pena" - José de Alencar;  "Relato de Um Certo Oriente" - Milton Hatoum; "Respiração Artificial" - Ricardo Piglia;  "Danúbio" -  Claudio Magris JÁ ESTIVERAM   "Canibais - Paixão e Morte na Rua do Arvoredo" - David Coimbra; "Austerlitz" e "Vertigem" - W.G. Sebald;   ESTARÃO "Orfeu Extático na Metrópole - Nicolau Sevcenko;  "Caim" - José Saramago

M E N I N O

Fugia de casa subia no morro sumia no mato o Sol! O Sol! Fazia uma pipa na linha cerol de cola e de vidro moído no trilho da linha do bonde. Uma vez foi um deles que ia virando saindo dos trilhos por causa do pó. Meu pai riu tanto quando escutou! Mas é que foi Zico amigo do peito quem me contou.

EPHEMERIDES DO BARÃO

SEM DÚVIDA a mais importante é a que marca 122 anos da assinatura da Lei Áurea. Infelizmente até hoje ainda não muito bem compreendida por certos fazendeiros... COMEMORA-SE da mesma forma a criação, por D. João VI, da "Impressão Régia", hoje Imprensa Nacional. Há 202 anos. Curiosamente aniversário - 41 anos - do Príncipe. Foi um dos mais importantes presentes que o Príncipe deu  a até então colônia portuguesa (só virou "Reino Unido a Portugal e Algarves em 16/12/1815), que perdera há muito sua importância pelo esgotamento das minas de ouro e diamantes.

P O E S I A

                         M U R O S Começo a construir um muro. sou um ser de paz mas temo a casa ao lado: de lá não vem nada de bom alicerce reforçado uma altura que  propicie um não ver a estranha face  do outro: fecho de ouro. Descanso, enfim. Ligo a TV as notícias são péssimas: americanos emparedam o México Israel  cava fosso e ergue muralha. Que mundo neurótico, oh Senhor!

EPHEMÉRIDES DO BARÃO

Imagem
ONTEM, dia 10 de maio, há 221 anos:      " Tiradentes, comprometido na conspiração de Minas, é preso no Rio de Janeiro, em uma casa da Rua dos Latoeiros, hoje de Gonçalves Dias, onde se ocultara"      PARA espanto dos historiadores e horror dos mineiros, vou dizer o que eu acho: ainda bem que a chamada "Conjuração Mineira" (outros dizem Inconfidência) foi suprimida! Caso os conspiradores tivessem levado, muito provavelmente o Brasil seria outro: esquartejado como o pobre Alferes Joaquim José da Silva Xavier da gravura. Provavelmente quatro ou cinco países, sem a menor expressão, guerreando uns contra os outros. Minas, Bahia e Espírito Santo formariam uma república, Rio de Janeiro, São Paulo e os demais estados do Sul outro país, o Nordeste um terceiro e o Norte o Império do Grão-Pará, com a mais que provável tomada do Maranhão. O Centro-Oeste ficaria à deriva. Estaríamos no sal...

AQUELA COISA DE RUMPELSTILZCHEN

Imagem
NA ISLÂNDIA houve a erupção vulcânica que fechou durante dias os aeroportos de quase toda a Europa, causando o caos; na Grécia a crise financeira daquela economia, mais ou menos do tamanho do Estado do Espírito Santo, quase acabou com o planeta. O que tem a ver uma coisa com a outra?      Bem, então eu recebi um e-mail onde me ensinavam a pronúncia correta do nome do vulcão. O link era de um site da BBC, onde uma mulher chamada Ingibjorg Thordardottiv ensina a pronúncia do nome do vulcão; vejam em http://news.bbc.co.uk/go/em/fr/-/1/hi/world/europe/8637673.stm      Aí então, logo depois de receber a mensagem e tentar pronunciar o nome do vulcão (foi bem difícil, mas devo ter conseguido) ocorreu o seguinte: hoje o mundo amanheceu com a notícia de que a União Européia vai despejar quaquilhões e mais quaquilhões em cima dos gregos para interromper a "sangria desatada"; e a intensidade da erupção diminuiu lá na Islândia!     CONCLUSÃO -  fiquei pensando com meu zíper: qual a r
Imagem
MIGUEL TORGA (2) - Nasceu Adolfo Correia Rocha em 12 de agosto de 1907. Portugal. O vilarejo chama-se São Martinho de Anta, província de Vila Real, Trás os Montes. Sua aldeia e província são cenários de inúmeros contos, novelas e poemas. Uma das regiões mais pobres e desassistidas do planeta. Talvez por isso seus habitantes desenvolveram meios de sobrevivência tão peculiares, e inventivos, relatados por ele em sua obra. Mesmo assim, às vezes nem isso bastava e as fomes dizimavam populações. Desde tempos imemoriais até a pouco menos de um século, morria-se na míngua, nas montanhas do noroeste português. Miguel Torga, filho de lavradores, o ramo paupérrimo da família, empregou-se, menino ainda, como lacaio de libré em casa apalaçada dos parentes ricos do Porto.       Depois foram os estudos, a vinda para o Brasil, o tio, cafeicultor,  rigoroso e até rude, mas apesar disso sabendo vislumbrar no sobrinho dotes de inteligência que o  fizeram bancar seus estudos, primeiro no Ginásio Leopoldi
        NA MINHA OPINIÃO,  uma coisa muito instrutiva é "ouvir o outro lado", a respeito de um fato. Descobri há pouco um comentário sobre o dia da morte do Getúlio Vargas, 24 de agosto de 1954, de ninguém menos que Miguel Torga, o poeta e escritor português.Aquele período caótico da história política coincidiu com uma visita que ele fazia ao país. Registrou ele:   " Guanabara, 24 de agosto de 1954.      Deixo o Brasil envolvido em negrura. Escuridão física da noite, que oculta o meio geográfico num abraço espesso, e treva metafísica das circustâncias políticas, que cobrem de luto o país inteiro.      Como de propósito, o navio largou ao cair da tarde. E é uma terra inconformada com a sua habitual rotação e sobressaltada com a inesperada rotação da história, que aos poucos me vai saindo dos olhos." ****************      "Não, o eclipse é transitório. daqui a meia dúzia de horas amanhece, e há novamente confiança na carne da terra e na alma dos habitantes.
Imagem
EPHEMERIDES (6 de maio) "1644 - O Conde João Maurício de Nassau entrega o governo do Brasil Holandês ao Supremo Conselho do Recife. No dia 11 segue viagem por terra, indo embarcar na Paraíba." ("Efemérides Brasileiras" - Barão do Rio Branco, Ed. Do Min. das Relações Exteriores) Até hoje há quem discuta se a saída dos holandeses do Nordeste (que principiou com a ida do Conde de volta à Europa) foi um bem ou um mal. Os eternos detratores da Pátria Amada salve salve dizem que eles iam fazer uma nova Holanda lá e em consequência o país todo seria rico e poderoso, diferente desse que temos hoje, etc. e coisa e tal. Os que defendem os heróis de Guararapes dizem que basta olhar para o Suriname ou outra colônia holandesa naquelas ilhotas do mar do Caribe para ver que droga que ia virar. Treplicam os primeiros dizendo que eles saíram do Recife e foram fundar Nova Amsterdã, que por isso é hoje simplesmente a "Big Apple", a cidade mais badalada do mundo Eu? Bem, eu a