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Mostrando postagens de outubro, 2010
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                                                            APÓS O CARNAVAL Começo das aulas, toda aquela atrapalhação. Onze anos, primeiro ginasial. No lugar de uma professora, agora eram muitos. Cumpria saber o nome de cada um, principalmente guardar-lhes as idiossincrasias, modos, manias, o que fazer, quando falar, responder a chamada a cada uma das aulas. estava muito inseguro com tanta novidade. No primeiro intervalo – era preciso prestar atenção e jamais voltar a dizer recreio – espantou-se com o número de alunos mais velhos e a algazarra que produziam. Logo percebeu que ele e os demais colegas do primeiro ano eram invisíveis. Sequer as garotas da turma, algumas já botando corpo, eram olhadas. O pai fora com ele no início. No primeiro dia chegou a entrar na escola e ir até o grande pátio interno. Depois só o acompanhava na viagem de ônibus, o percurso durava mais de uma hora. Finda a primeira semana, passou a ir sozinho. Seguia até o ponto próximo a sua casa, esp
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T I R I R I C A           DUAS coisas ressaltadas em nós, brasileiros: o caráter extremamente preconceituoso da sociedade (o que é sinônimo de intolerância e obscurantismo), e mais a notável falta de memória.       Ainda adolescente em Belo Horizonte, na década de 50, come- cei a ouvir falar em um certo "Chico Fulô", misto de palhaço de circo e lutador de "catch" que na época atraía multidões para o ginásio esportivo da antiga feira de amostras. Eram lutas encenadas, onde a turma dos "mocinhos" lutava contra a dos "bandidos", tudo debaixo da torcida febril dos milhares que compunham a ululante platéia.      Um dos que faziam parte da "turma do bem" era o "Chico Fulô", que caiu nas graças da população e angariou enorme popularidade. Não deu muito tempo e lá estava ele, agora com seu nome real de Waldomiro Lobo, candidatando-se a vereador. Reações iradas, verdadeira cruzada em nome "da moral e dos bons costumes". Wa

CHOVE, CHUVA!

      A CHUVA chegou para valer aqui no Planalto central. Até domingo ainda existia aquele caráter de "chove não molha": caía um que outro pingo, um temporalzinho de curta duração e só. Era só cavar um palmo e o chão mostrava a seca de quatro meses ser ver um pingo de água.      Pois a partir de ontem, segunda-feira, isso mudou. Começou mais ou menos três da tarde, prolongongou-se noite a dentro e madrugada afora. Hoje pela manhã o solo já estava empapado, as plantas exibiam suas cascas querendo criar bolor, as folhas com milhões de gotículas.      Acho bom. Já falou o poeta, "quando chove é que faz bom tempo" e é verdade. Um que outro incômodo, mas essa água que vem dos céus é nossa verdadeira mãe, a responsável por vivermos e nos multiplicarmos. A bênção, Senhora Chuva!
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B E L E Z A 
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                                             MINHA AMIGA VERA BRANT                                                                                                Domingo é dia de ser feliz. E certamente estou entre aqueles “happy few” ainda mais felizes, porque podem chamar Vera Brant de amiga. E é um regalo do seu generoso coração  partilhar com seu próximo os seus afetos. É de amor mesmo que falo, pois quem não consegue se extasiar perante essas imagens?                                                  Tenho certeza que, quando de volta à casa ela mais uma vez se encanta com essa verdadeira dádiva da natureza, especialmente neste início de primavera, conforme vocês podem ver. É convívio antigo, mas estou certo que, a cada instante, se renova. Não sei se os dois chegam a conversar, mas aposto que de há muito existe uma cumplicidade, um sorriso maroto de parte à parte, um discreto cumprimento entre os dois, uma fraternidade, um amor especial. E o que não existe é ciúme: mal a
REFRÃES DO VOVÔ PAULO "Os sábios não dizem o que sabem, os tolos não sabem o que dizem" (Provérbio oriental) "Quem comprar o que não precisa, venderá o que precisa" (Provérbio árabe) "O homem comum fala, o sábio escuta, o tolo discute." (Sabedoria Oriental) "A língua resiste porque é mole; os dentes cedem porque são duros." (Provérbio Chinês) "Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele" (Provérbio português)
AOS SÁBADOS, POESIA                                                                                                                      VIDA "A mãe que faz à filha a trança" (Miguel Torga*) A mãe que faz à filha a trança, ao pé do grande, antigo espelho oval traz dolorida na lembrança a mesma imagem de outrora, no mesmo cristal. No devaneio, vê-se na pequena sentada na banqueta; e ao mesmo tempo repetida nas rugas, que a idade impõe que em seu rosto se deponham afinal. Vê-se também, a si própria: já foi ela a filha. Em tempos bem remotos era a criança e outra mão tecia, de sua vez, a sua trança. Agora, olhando a si mesmo refletida com este mesmo e outro, olhar de sempre de mirar tão triste, tão igual. * Miguel Torga, pseudônimo de Adolfo Correia da Rocha, poeta e escritor português (N.1907- F .1995)
O TUPI EM SÃO PAULO       A Professora Vera Lucia Dias, autora do livro que dá título a esta postagem, mandou-me simpático e-mail agradecendo a referência a ele. O que é bom, útil e bem-feito a gente elogia, cara professora!      E conforme vocês podem ver abaixo, ela também explicou o que significa "Apacê", nome da rua no Jabaquara onde fica a Editora Plêiade: Olá Paulo, Tudo bem? MUITO OBRIGADA pelo texto e divulgação do livro "O Tupi em São Paulo"! Abraços, OS. Apacê significa montículo (pequeno morro), saliente, destacado. Abraços, VERA LUCIA DIAS guia da cidade vera@passeiopaulistano.com       Aliás, o nome dessa Editora avivou antigas lembranças do Vovô Paulo: década de sessenta do século passado, Jean Paul Sartre, existencialismo, etc. etc. Era bom ter vinte anos... quem se interessar por essas pesquisas (hoje em dia mais no âmbito da arqueologia!) dêem uma olhada na wikipedia. Jacques Schiffrin, Gide, está tudo lá.
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PARÊMIAS DO VOVÔ PAULO "Quem ara e fia, ouro cria" "O hóspede e o carneiro aos três dias tomou cheiro" "Quem em novo não trabalha quando velho come palha" "Quem conta com panela alheia arrisca-se a ficar sem ceia" "Com pão e vinho anda caminho"                (Da obra "LITERATURA POPULAR DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO", de Joaquim Alves Ferreira, Vol. IV - 1999   EPHEMÉRIDES      Ih! meu patrão, o Vovô Paulo, foi dormir mais cedo e me pediu que fizesse hoje a notação dos fatos do dia. Logo eu, que faço uma confusão danada com nomes e datas!  Mas chefe é chefe, então vamos lá: em 19... não quero dizer, no dia de hoje, em 1864 aquela princesa se casa no Rio de janeiro com o príncipe (é claro que foi com o príncipe, sua tonta! Ia querer que a princesa se casasse com o motorneiro?), aquele francês, como é que ele se chama mesmo? Ah, não era príncipe, mas conde: Conde D'Eu. O nome da princesa era Áurea, não era? foi aque
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ENECOARUCA        Vera Lucia Dias é uma guia cultural, especializada na cidade de São Paulo. Bacharel em Turismo, com pós-graduação em Globalização e Cultura pela Universidade Paulista - Unip, igualmente é dessas pessoas que bota fé no que faz. Colheu de suas andanças pela capital paulista talvez a mesma curiosidade de muitos, a respeito dos nomes indígenas que nomeiam grande parte do lugares: ruas, praças, bairros, etc. Então foi atrás de aplacar sua sede de conhecimento e com isso acabamos lucrando, todos nós. É que de suas pesquisas veio à lume"O TUPI EM SÃO PAULO" - Editora Plêiade, SP (2008). Obra de poucas páginas mas de grande conteúdo, onde aprendemos o que significa Anhangabaú, Anhembi, Apinajé, Butantã, Iguatemi, Congonhas, Itaquera, Iguatemi, Mooca, Moema, Tamanduateí,  Tucuruvi e tantas outras. Comprei meu exemplar, ciumentamente guardado, não lembro mais onde, mas aconselho uma ida até o site da autora: http://www.passeiopaulistano.com/ onde está à venda. H
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APOTEGMA DO DIA:                                                                                           "TREINA na barba do tolo o barbeiro novo"
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A M É R I C A !  Um jovem marrano (judeu convertido à força ao cristianismo) de apenas 23 anos, chamado Rodrigo, originário da cidade de Triana, Espanha, foi quem primeiro avistou a terra americana. Após os Vikings, como fazem questão os americanos do norte. Segundo assinala o Barão do Rio Branco em suas "Ephemérides" era uma noite calma e enluarada, quando o vigia avistou um trecho de areia branca e deu o alarme. Romântico...               Quem quiser mais "clima", sugiro ler ao som da obra "Iberia", a suíte espanhola de Isaac Albeniz. Justamente a música chamada "Triana". Tem em piano (Rosa  Torres-Pardo, Rafael Orozco e outros e outras) violão (Narciso Yepes, Segovia, Paco de Lucia, e mais).                Livros? Nada melhor que ler da pena do próprio Colombo o relato de suas vicissitudes e triunfos: "Diários da Descoberta da América" edição da L&PM, traduzido por Milton Persson, introdução de Marcos Faerman e notas do "Pe

HAIKAIS DO INÚTIL DOMINGO

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I Quem é que sabe a dimensão do abismo a solidez do ar? II Todos os dias são vésperas do amanhã: Chegam, são passado. III INFÂNCIA balão japonês resplendia na noite: tão breve fulgor! (foto de Deny Paula Barros Pereira)