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Mostrando postagens de maio, 2010

Ela escrevia desse jeito:

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"Perfeito é não quebrar a imaginária linha Exacta é a recusa E puro é o nojo. (Sophia de Mello Breyner Andresen)

De Tarde

Prestes a ir-se embora o sol. De cima do pau seco acauã capricha, que mãe-da-lua vem depois. Caipora sonha bons sonhos no liame de camacã que a preguiça é uma arte e cultivar o ócio a filosofia dos mestres.

NA MINHA MESA DE CABECEIRA (2)

SEMPRE OCORRE em listas: esquecimentos e omissões (in)voluntárias. Estas, Freud explicaria, talvez. Esquecimento pode ser esquecimento mesmo. O fato é que me lembrei de um "livrinho" que havia sumido da minha cabeceira e andava meio esquecido. Por acaso o encontrei logo depois de haver divulgado a lista: pecado! E logo o volume editado pela Global, dentro da coleção melhores poemas, dirigida pela Edla Van Steen. E a seleção dos poemas, bem como a nota introdutória da Profª Luciana Stegagno Picchio: Imperdoável!      O autor do "livrinho"? O prefácio diz que é um "poeta 'diferente' nos dias da sua estréia, católico surrealista, barroco, metafísico, visionário, insubmisso" ora, só podia estar falando de Murilo Mendes, não é mesmo? É uma preciosidade, vejam: "A infância vem da eternidade. Depois só a morte magnífica  -Destruição da mordaça: E talvez já a tivesses entrevisto Quando brincavas com o pião Ou quando desmontaste o besouro. Entre duas

EPHEMERIDES DO BARÃO

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SÁBADO, 16 de maio de 1818 - "Decreto de D. João VI aprovando as condições para o estabelecimento de uma colônia de Suíços (do cantão de Friburgo) na real Fazenda do Morro Queimado. A colônia tomou o nome de Nova Friburgo." Parabéns Nova Friburgo! 192 aninhos... a original suíça tem um pouco mais: 853 anos! ( imagem: site da Prefeitura Municipal de Nova Friburgo-RJ )

NEVE EM CURITIBA

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QUINTA-FEIRA , 17 de julho de 1975. A empregada bate na porta do quarto, demoro a entender sua fala, a voz alterada pela excitação. O quê? Neve? nevando? Onde? Saio do quarto e do janelão da sala vejo uns pingos brancos caindo suavemente no chão do jardim E não é que era neve!      Logo um tapete branco cobria tudo lá fora; saímos todos, e parecia que o resto da população havia tido a mesma idéia: as ruas estavam cheias de carros, uns buzinando para os outros. Vista do alto da Rua XV, na Praça das Nações, a cidade reluzia: era uma festa. Todos estávamos encantados, a não ser um bebê de menos de dois anos (hoje uma jovem senhora residente em São Paulo-SP), que logo demonstrou em alto e bom som que estava com muuiiitooo frio e de mau-humor.      No Centro a história não foi diferente. Carros desfilavam com bonecos de neve na capota, alguns com a camisa do Coxa, outros do Atlético: rivais até debaixo da neve!      E nevou ainda mais um pouco depois das onze da manhã, e outra vez à tarde.

NA MINHA MESA DE CABECEIRA

ESTÃO "Ao Correr da Pena" - José de Alencar;  "Relato de Um Certo Oriente" - Milton Hatoum; "Respiração Artificial" - Ricardo Piglia;  "Danúbio" -  Claudio Magris JÁ ESTIVERAM   "Canibais - Paixão e Morte na Rua do Arvoredo" - David Coimbra; "Austerlitz" e "Vertigem" - W.G. Sebald;   ESTARÃO "Orfeu Extático na Metrópole - Nicolau Sevcenko;  "Caim" - José Saramago

M E N I N O

Fugia de casa subia no morro sumia no mato o Sol! O Sol! Fazia uma pipa na linha cerol de cola e de vidro moído no trilho da linha do bonde. Uma vez foi um deles que ia virando saindo dos trilhos por causa do pó. Meu pai riu tanto quando escutou! Mas é que foi Zico amigo do peito quem me contou.

EPHEMERIDES DO BARÃO

SEM DÚVIDA a mais importante é a que marca 122 anos da assinatura da Lei Áurea. Infelizmente até hoje ainda não muito bem compreendida por certos fazendeiros... COMEMORA-SE da mesma forma a criação, por D. João VI, da "Impressão Régia", hoje Imprensa Nacional. Há 202 anos. Curiosamente aniversário - 41 anos - do Príncipe. Foi um dos mais importantes presentes que o Príncipe deu  a até então colônia portuguesa (só virou "Reino Unido a Portugal e Algarves em 16/12/1815), que perdera há muito sua importância pelo esgotamento das minas de ouro e diamantes.

P O E S I A

                         M U R O S Começo a construir um muro. sou um ser de paz mas temo a casa ao lado: de lá não vem nada de bom alicerce reforçado uma altura que  propicie um não ver a estranha face  do outro: fecho de ouro. Descanso, enfim. Ligo a TV as notícias são péssimas: americanos emparedam o México Israel  cava fosso e ergue muralha. Que mundo neurótico, oh Senhor!

EPHEMÉRIDES DO BARÃO

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ONTEM, dia 10 de maio, há 221 anos:      " Tiradentes, comprometido na conspiração de Minas, é preso no Rio de Janeiro, em uma casa da Rua dos Latoeiros, hoje de Gonçalves Dias, onde se ocultara"      PARA espanto dos historiadores e horror dos mineiros, vou dizer o que eu acho: ainda bem que a chamada "Conjuração Mineira" (outros dizem Inconfidência) foi suprimida! Caso os conspiradores tivessem levado, muito provavelmente o Brasil seria outro: esquartejado como o pobre Alferes Joaquim José da Silva Xavier da gravura. Provavelmente quatro ou cinco países, sem a menor expressão, guerreando uns contra os outros. Minas, Bahia e Espírito Santo formariam uma república, Rio de Janeiro, São Paulo e os demais estados do Sul outro país, o Nordeste um terceiro e o Norte o Império do Grão-Pará, com a mais que provável tomada do Maranhão. O Centro-Oeste ficaria à deriva. Estaríamos no sal...

AQUELA COISA DE RUMPELSTILZCHEN

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NA ISLÂNDIA houve a erupção vulcânica que fechou durante dias os aeroportos de quase toda a Europa, causando o caos; na Grécia a crise financeira daquela economia, mais ou menos do tamanho do Estado do Espírito Santo, quase acabou com o planeta. O que tem a ver uma coisa com a outra?      Bem, então eu recebi um e-mail onde me ensinavam a pronúncia correta do nome do vulcão. O link era de um site da BBC, onde uma mulher chamada Ingibjorg Thordardottiv ensina a pronúncia do nome do vulcão; vejam em http://news.bbc.co.uk/go/em/fr/-/1/hi/world/europe/8637673.stm      Aí então, logo depois de receber a mensagem e tentar pronunciar o nome do vulcão (foi bem difícil, mas devo ter conseguido) ocorreu o seguinte: hoje o mundo amanheceu com a notícia de que a União Européia vai despejar quaquilhões e mais quaquilhões em cima dos gregos para interromper a "sangria desatada"; e a intensidade da erupção diminuiu lá na Islândia!     CONCLUSÃO -  fiquei pensando com meu zíper: qual a r
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MIGUEL TORGA (2) - Nasceu Adolfo Correia Rocha em 12 de agosto de 1907. Portugal. O vilarejo chama-se São Martinho de Anta, província de Vila Real, Trás os Montes. Sua aldeia e província são cenários de inúmeros contos, novelas e poemas. Uma das regiões mais pobres e desassistidas do planeta. Talvez por isso seus habitantes desenvolveram meios de sobrevivência tão peculiares, e inventivos, relatados por ele em sua obra. Mesmo assim, às vezes nem isso bastava e as fomes dizimavam populações. Desde tempos imemoriais até a pouco menos de um século, morria-se na míngua, nas montanhas do noroeste português. Miguel Torga, filho de lavradores, o ramo paupérrimo da família, empregou-se, menino ainda, como lacaio de libré em casa apalaçada dos parentes ricos do Porto.       Depois foram os estudos, a vinda para o Brasil, o tio, cafeicultor,  rigoroso e até rude, mas apesar disso sabendo vislumbrar no sobrinho dotes de inteligência que o  fizeram bancar seus estudos, primeiro no Ginásio Leopoldi
        NA MINHA OPINIÃO,  uma coisa muito instrutiva é "ouvir o outro lado", a respeito de um fato. Descobri há pouco um comentário sobre o dia da morte do Getúlio Vargas, 24 de agosto de 1954, de ninguém menos que Miguel Torga, o poeta e escritor português.Aquele período caótico da história política coincidiu com uma visita que ele fazia ao país. Registrou ele:   " Guanabara, 24 de agosto de 1954.      Deixo o Brasil envolvido em negrura. Escuridão física da noite, que oculta o meio geográfico num abraço espesso, e treva metafísica das circustâncias políticas, que cobrem de luto o país inteiro.      Como de propósito, o navio largou ao cair da tarde. E é uma terra inconformada com a sua habitual rotação e sobressaltada com a inesperada rotação da história, que aos poucos me vai saindo dos olhos." ****************      "Não, o eclipse é transitório. daqui a meia dúzia de horas amanhece, e há novamente confiança na carne da terra e na alma dos habitantes.
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EPHEMERIDES (6 de maio) "1644 - O Conde João Maurício de Nassau entrega o governo do Brasil Holandês ao Supremo Conselho do Recife. No dia 11 segue viagem por terra, indo embarcar na Paraíba." ("Efemérides Brasileiras" - Barão do Rio Branco, Ed. Do Min. das Relações Exteriores) Até hoje há quem discuta se a saída dos holandeses do Nordeste (que principiou com a ida do Conde de volta à Europa) foi um bem ou um mal. Os eternos detratores da Pátria Amada salve salve dizem que eles iam fazer uma nova Holanda lá e em consequência o país todo seria rico e poderoso, diferente desse que temos hoje, etc. e coisa e tal. Os que defendem os heróis de Guararapes dizem que basta olhar para o Suriname ou outra colônia holandesa naquelas ilhotas do mar do Caribe para ver que droga que ia virar. Treplicam os primeiros dizendo que eles saíram do Recife e foram fundar Nova Amsterdã, que por isso é hoje simplesmente a "Big Apple", a cidade mais badalada do mundo Eu? Bem, eu a
JOSÉ DE ALENCAR (II) - Ainda a respeito do "Ao Correr da Pena", há uma deliciosa crônica de 1854 (setembro) noticiando a inauguração do Jockey Club. Um jovem Alencar deixa-se levar pelo entusiasmo e fotografa fielmente não só a paisagem local como da fauna humana que compareceu ao evento, os "grupos dos gentlemen riders" e os mais abonados, que foram no "cupê aristocrático tirado pela brilhante parelha de cavalos do Cabo". §§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§ Fiquei curioso. Jockey Club em 1854? Já ouvira falar do Derby Club, que ficava onde hoje é o Maraca e o Campus da UERJ, mas Jockey para mim começou na Lagoa. Pois não é que turfe era naquela época, o verdadeiro "esporte das multidões"? Havia de tudo, de raias nobres onde corriam consagrados campeões a campinhos suburbanos onde a população humilde não deixava de fazer sua fezinha. E isso vinha dos tempos antigos... Se quiser saber mais, olhe em http://www.serqueira.c
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PS - sabe aquele escritor que poucos gostavam mas que éramos obrigados a conhecer, uma vez que era leitura obrigatória para os exames vestibulares do Oiapoque ao Chuí? Falo de José de Alencar e sua obra: "Cinco Minutos", "Senhora", "A Pata da Gazela", "O Gaúcho", "O Tronco do Ipê", e a mais célebre, "Iracema" . Bem, além de romancista e político, Alencar escrevia na imprensa carioca, deixando um grande número de crônicas publicadas na época. Agora, graças ao trabalho da Editora Martins Fontes na coleção "Contistas e Cronistas do Brasil" essas crônicas podem ser apreciadas em uma edição cuidadosa, preparada por João Roberto Faria, que também assina a introdução do belo volume: "AO CORRER DA PENA". Como era o Rio em 1854 e 1855. Gostei e recomendo.
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NOTA - no dia de hoje, em 1880, morre em Lagoa Santa Peter Wilhelm Lund, o pai da paleontologia brasileira. Dr. Lund, nascido na Dinamarca, deixou importantíssimo trabalho quanto às origens do homem sul-americano, dedicando todos os seus dias as pesquisas de campo na região de Lagoa Santa, MG, recolhendo milhares e milhares de fósseis animais e vegetais. Graças a essa formidável dedicação, temos hoje um punhado de cientistas brasileiros dedicados ao tema e desenvolvendo novas e fascinantes pesquisas na área, além de alguns pesquisadores europeus e americanos.

OUTONO

M A I O Era gostoso pisar nas frutinhas caídas nas calçadas claras croc croc croc croc croc. Um que outro automóvel rodava pensativo, evitando em silêncio os postes do meio da rua. À noite vinha o frio, por enquanto ameno e a Serra do Curral nos sorria, dentes ainda perfeitos.