NA MINHA MESA DE CABECEIRA (2)

SEMPRE OCORRE em listas: esquecimentos e omissões (in)voluntárias. Estas, Freud explicaria, talvez. Esquecimento pode ser esquecimento mesmo. O fato é que me lembrei de um "livrinho" que havia sumido da minha cabeceira e andava meio esquecido. Por acaso o encontrei logo depois de haver divulgado a lista: pecado! E logo o volume editado pela Global, dentro da coleção melhores poemas, dirigida pela Edla Van Steen. E a seleção dos poemas, bem como a nota introdutória da Profª Luciana Stegagno Picchio: Imperdoável!
     O autor do "livrinho"? O prefácio diz que é um "poeta 'diferente' nos dias da sua estréia, católico surrealista, barroco, metafísico, visionário, insubmisso" ora, só podia estar falando de Murilo Mendes, não é mesmo? É uma preciosidade, vejam:
"A infância vem da eternidade.
Depois só a morte magnífica 
-Destruição da mordaça:

E talvez já a tivesses entrevisto
Quando brincavas com o pião
Ou quando desmontaste o besouro.

Entre duas eternidades
Balançam-se espantosas 
Fome de amor e a música:
Rude doçura,
Última passagem livre.

Só vemos o céu pelo avesso."

                                                                                                                                     

     Isso foi uma mínima amostra do que contém o livro. voltou correndo para a minha mesa, para ficar, desta vez, por uma boa temporada!
     E para encerrar a nota, não posso deixar de comentar um livro já de 2009 (embora a edição da Nova Fronteira seja de 2004): Miguel de souza Tavares, o autor, é Português, relativamente jovem e tem (para mim ao menos) uma característica fundamental: é filho de Sophia de Mello Breyner Andresen a maior figura da poesia portuguesa atual.
     Pois Miguel escreveu um best-seller desses cujas tiragens se contam às centenas de milhares cada uma. Chama-se "Equador" e conta a história de São Tomé e Príncipe (duas pequenas ilhas na costa ocidental da África. Embora a meu ver o romance tenda um pouco aos superlativos do romantismo (e fico imaginando se isso não foi proposital por parte do autor, tendo a ver com o tema, o período histórico da trama, etc etc.) é muitíssimo bem escrito. 
     E dá para perceber (pelo menos fiz essa analogia) símiles e mais símiles com certas situações que vivenciamos ainda hoje no Brasil. Existem brasileiros que são "a cara" dos piores vilões do livro. Daí as malquerenças e os ódios lá narrados se justaporem de maneira  tão impressionante ao que vemos aqui, ao menos em alguns círculos e situações. Certamente bricabraque, antes de BRIC. 





      

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