NEVE EM CURITIBA

QUINTA-FEIRA, 17 de julho de 1975. A empregada bate na porta do quarto, demoro a entender sua fala, a voz alterada pela excitação. O quê? Neve? nevando? Onde? Saio do quarto e do janelão da sala vejo uns pingos brancos caindo suavemente no chão do jardim E não é que era neve!
     Logo um tapete branco cobria tudo lá fora; saímos todos, e parecia que o resto da população havia tido a mesma idéia: as ruas estavam cheias de carros, uns buzinando para os outros. Vista do alto da Rua XV, na Praça das Nações, a cidade reluzia: era uma festa. Todos estávamos encantados, a não ser um bebê de menos de dois anos (hoje uma jovem senhora residente em São Paulo-SP), que logo demonstrou em alto e bom som que estava com muuiiitooo frio e de mau-humor.
     No Centro a história não foi diferente. Carros desfilavam com bonecos de neve na capota, alguns com a camisa do Coxa, outros do Atlético: rivais até debaixo da neve!
     E nevou ainda mais um pouco depois das onze da manhã, e outra vez à tarde. Então o sol foi baixando e o frio foi ficando brabo; tão intenso que na manhã seguinte os beirais do telhado estavam cheios de estalagmites da água que havia começado a escorrer e com os -6°(juro!) da madrugada congelou de novo, formando o lindíssimo  espetáculo.  
     Até hoje meu filho mais velho não me deixa esquecer: estava completando cinco anos naquele exato dia: isso sim que é efeméride! 

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

PARA BOI DORMIR...