O TEMPORA...

     Está novamente aberta a Temporada de Caça ao Cargo. Peralvilhos antigos, velhos e conhecidos casquilhos, todos se aprestam. Uma palavrinha aqui, um jornalista amigo ali, uma notinha plantada, um boato... Nesses momentos lembro Tancredo Neves Presidente eleito, a um desses curiosos espécimens humanos, que lhe dizia estar muito assediado por amigos e correligionários que davam sua nomeação para um ministério como consumada, convite feito pelo próprio Tancredo. E perguntava a este o que deveria responder aos outros. "Diga que você foi convidado por mim, meu filho, mas infelizmente não pode aceitar"...
     OUTRO que vêm-me à mente é o certeiro Artur Azevedo, um cronista bastante esquecido, mas que teve seu momento de Estanislau Ponte Preta,  e fama talvez ainda maior do que deste último, no Rio de Janeiro de fins do Século Dezenove. Admira-me sobremaneira a atualidade de seu epigrama "Velha Anetoda":

"Tertuliano, frívolo peralta,
Que foi um paspalhão desde fedelho,
Tipo incapaz de ouvir um bom conselho,
Tipo que, morto, não faria falta;

Lá um dia deixou de andar à malta,
E, indo à casa do pai, honrado velho,,
A sós na sala, diante de um espelho,
À própria imagem disse em voz bem alta:

- Tertuliano, és um rapaz formoso!
És simpático, és rico, és talentoso!
Que mais no mundo se te faz preciso? -

Penetrando na sala o pai sisudo,
Que por trás da cortina ouvira tudo,
Severamente respondeu: - Juízo! -"

      Cá para nós, não parece dirigido a certos personagens da cena política dos dias de hoje?



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