PICARETAS & VAGABUNDOS
ACABO de receber, do professor Rostand Medeiros, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte - IHGRN, lamentabilíssima notícia sobre o estado calamitoso em que se encontram os arquivos desse importantíssimo acervo documental - não só do Brasil como de todo o mundo. sempre foi notório o interesse (e a cobiça) que as nações européias tiveram pelas terras denominadas "américas". Não foi por outro motivo, aliás, que uma das mais arrojadas (até ao ponto da temeridade) das potências da época, o pequenino Portugal, ter-se adiantado às demais e, em viagem de rota e curso pré-determinado, ter "descoberto" - e se apossado - desse enorme território chamado Brasil.
EMBORA muito da documentação daqueles séculos não exista mais, muito ainda se tem guardado por espíritos de benfazejos viventes de épocas diversas. Esse vasto e valiosíssimo acervo encontra-se abrigado em quase todos os Estados do Brasil, precariamente conservados ainda hoje, muito mais pela dedicação denodada de pessoas como Rostand, do que por quem dele deveria se desvelar ao extremo, o próprio Estado Nacional. Tal desídia criminosa vem desde nossos colonizadores portugueses, os quais há pouco despertaram para essa riqueza sem preço e passaram, há ter uma consistente política de conservação e publicização desses papéis.
SE eram no entanto corajosos a ponto da valentia e do denodo contrastassem com a prudência ou maiores cuidados, portugueses (a bem da justiça diga-se que também os demais povos) não possuíam outro tipo de interesse a não ser o saque exaustivo e predatório das terras ocupadas. Não havia interesse maior do Estado que não fora o de lucrar (após o pagamento dos empréstimos a juros feitos pelas bancas italianas e depois do Norte Europeu) da melhor maneira que pudesse.
Esse ponto-de-vista perpetuou-se ao longo de mais de 3 séculos: enquanto Inglaterra, Espanha, Holanda, o Império da Áustria e outros foram percebendo que, para além dessa utilização primária e unicamente predatória do continente, outras formas lucrativas de ocupação haviam (povoamento e desenvolvimento com capitais privados - um pré conceito do que hoje se chama "parceria público-privada"). Por isso até mesmo a Espanha fez um movimento no sentido de conceder maior autonomia a suas colônias americanas, inclusive com a criação, já em 1538 de uma "Universidade" (embora conventual) na Ilha de Santo Domingo e de mais duas em 1551 em Lima e na cidade do México).
Evidentemente não é escopo desse curto artigo apreciar com mais profundidade as complexas e diversas causas que fizeram com que Brasil e América castelhana sejam tão estranhos entre si. Nem como, apesar de tudo, o Brasil, mesmo capengando do jeito que vamos, tem sido mais e mais presente na cena mundial. O que lamento e vejo com bastante pessimismo é o descaso, a omissão criminosa e o desconhecimento do Estado Brasileiro de suas responsabilidades maiores com a própria história, com os seus patrimônios culturais, ambientais, e morais. O notável(!) abastardamento da classe política nesses tempos horríveis serve como causa e igualmente como efeito desse fenômeno, uma vez que os mesmos índices do inexistente desenvolvimento intelectual da grande maioria do povo, ao Congresso Nacional e aos demais poderes da República podem ser atribuídos. A vagabundagem explícita que campeia "do Oiapoque ao Chuí" traz embutida e colada ao inimaginável prejuízo econômico, perdas insubstituíveis de inteligências construtoras de nações.
EMBORA muito da documentação daqueles séculos não exista mais, muito ainda se tem guardado por espíritos de benfazejos viventes de épocas diversas. Esse vasto e valiosíssimo acervo encontra-se abrigado em quase todos os Estados do Brasil, precariamente conservados ainda hoje, muito mais pela dedicação denodada de pessoas como Rostand, do que por quem dele deveria se desvelar ao extremo, o próprio Estado Nacional. Tal desídia criminosa vem desde nossos colonizadores portugueses, os quais há pouco despertaram para essa riqueza sem preço e passaram, há ter uma consistente política de conservação e publicização desses papéis.
SE eram no entanto corajosos a ponto da valentia e do denodo contrastassem com a prudência ou maiores cuidados, portugueses (a bem da justiça diga-se que também os demais povos) não possuíam outro tipo de interesse a não ser o saque exaustivo e predatório das terras ocupadas. Não havia interesse maior do Estado que não fora o de lucrar (após o pagamento dos empréstimos a juros feitos pelas bancas italianas e depois do Norte Europeu) da melhor maneira que pudesse.
Esse ponto-de-vista perpetuou-se ao longo de mais de 3 séculos: enquanto Inglaterra, Espanha, Holanda, o Império da Áustria e outros foram percebendo que, para além dessa utilização primária e unicamente predatória do continente, outras formas lucrativas de ocupação haviam (povoamento e desenvolvimento com capitais privados - um pré conceito do que hoje se chama "parceria público-privada"). Por isso até mesmo a Espanha fez um movimento no sentido de conceder maior autonomia a suas colônias americanas, inclusive com a criação, já em 1538 de uma "Universidade" (embora conventual) na Ilha de Santo Domingo e de mais duas em 1551 em Lima e na cidade do México).
Evidentemente não é escopo desse curto artigo apreciar com mais profundidade as complexas e diversas causas que fizeram com que Brasil e América castelhana sejam tão estranhos entre si. Nem como, apesar de tudo, o Brasil, mesmo capengando do jeito que vamos, tem sido mais e mais presente na cena mundial. O que lamento e vejo com bastante pessimismo é o descaso, a omissão criminosa e o desconhecimento do Estado Brasileiro de suas responsabilidades maiores com a própria história, com os seus patrimônios culturais, ambientais, e morais. O notável(!) abastardamento da classe política nesses tempos horríveis serve como causa e igualmente como efeito desse fenômeno, uma vez que os mesmos índices do inexistente desenvolvimento intelectual da grande maioria do povo, ao Congresso Nacional e aos demais poderes da República podem ser atribuídos. A vagabundagem explícita que campeia "do Oiapoque ao Chuí" traz embutida e colada ao inimaginável prejuízo econômico, perdas insubstituíveis de inteligências construtoras de nações.
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