O AMERICANO QUE GOSTAVA DE PASSARINHO






Segundo conta meu primo Fernando da Matta Machado, tio João, seu pai, sempre que rememorava sua infância falava sobre “os terríveis moleques de Diamantina, verdadeiros traquinas”. Claro que ele e seu irmão mais próximo, Carlos eram da turma!

Naqueles tempos havia por lá um americano que resolvera vir fazer fortuna na América do Sul. Muito empreendedor, o ianque logo logo entrou em inúmeros negócios lucrativos: entre eles construiu a primeira estrada que ligava o velho Tejuco à antiga Curralinho, hoje a cidade de Corinto. Com isso ficou rico e pode comprar para si e sua família uma boa casa com enorme quintal.

Era um admirador da flora e da fauna e principalmente adorava os passarinhos do espinhaço mineiro. Para estes últimos, fez construir no terreno um imenso viveiro que acomodaria centenas de pássaros e logo comunicou à meninada que pagaria pelos que fossem apanhados pelos moleques.

Daí para a frente não falhava um dia sem que houvessem dois ou mais garotos em sua porta, cada com uma ave, as quais ele adquiria pagando bons tostões. Assim, em pouco tempo sua grande prisão estava superlotada!

E foi uma decepção geral quando ele comunicou o fato à garotada! Mas isso durou pouco tempo: um deles, mais esperto, levou um dia enorme ave para o “Seu Míler” e tantas fez, usando inventiva lábia, que acabou convencendo o americano a ficar com o animal, “presente dos garotos de Diamantina”.

E foi obra de instantes após o gavião (pois era um desses predadores!) ter sido colocado no viveiro para não restar um só passarinho vivo! O Muller ficou muito triste, mas como não era rancoroso e sem maldade, logo mandou soltar o gavião e voltou a comprar aves dos garotos, que assim conseguiram retornar ao lucrativo trafico...

Brasília, janeiro de 2013

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