M I R A B I L E / V I S U



Nada faz o menor sentido. O tempo. O tempo cessa, os minutos e as horas tombam inertes, completamente impotentes numa lassidão final. Os segundos deixam de correr e de serem contados um a um. O universo inteiro congela em um infinitamente pequeno e imperceptível ponto.
E por incontáveis milhões de eras congeladas assim permanece. Mas então um ínfimo fiozinho de luz escapa e uma explosão monstruosa começa a despedaçar a concentração brutal de matéria contida no pequeno ponto. E, à medida que os pedaços se afastam do núcleo, o tempo começa a correr. As engrenagens todas movem-se novamente, a natureza vai fazendo o seu trabalho entrópico/dialético, os mortos voltam a se reintegrarem ao cosmos, lentamente carne, ossos, cabelos, dentes, se unem uns aos outros, separam-se a seguir, são agora minerais, átomos com memória quântica aglomeram-se, formam moléculas, estrelas surgem dessa matéria, planetas também, e logo água, terra, hidrogênio, oxigênio, gente. E tudo recomeça
  

                                               ENTROPIA

       As ubaranas saltaram rumo ao céu naquela faiscante tarde de verão e se imobilizaram no azul, formando ideogramas. Os pingos de água refletiram o sol e um arco da velha ao fundo completou o quadro. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PARA BOI DORMIR...