PARQUES DAS CIDADES



      CAMPO DE SANTANA, Praça da República, Central Park, Bois de Boulogne, Vincennes, Parque Gorki, Parque de Brasília, Parque da Cidade (Belo Horizonte) e milhares de parques, talvez milhões, em cada lugar do Planeta Terra. Muitíssimos com pomposos nomes, homenageando essa e aquela figura, na maior parte algum político que ninguém mais sabe quem foi. E que por isso mesmo nunca é usado pela população. Nós, o povo, sabiamente simplificamos essas coisas tolas, chamando de  parque da cidade, parque do cedrinho, da cachoeira e tantos outros afetivos apelidos.
      O primeiro da minha lista é o que primeiro guardei na memória: a lembrança infantil retrata um lugar de grandes árvores e curiosos bichinhos na vegetação rasteira. Cotias, alguém me explicou e nunca mais esqueci. Entre as aléias sombreadas, revestidas de areia fininha ficavam canteiros onde além das árvores, existiam algumas construções de pedra cuidadosamente lavrada. Enormes tijolos do material, algumas paredes com janelas de molduras de madeira escura e vidro. Cobertura de telhas de barro em todos. Talvez fosse do maior deles que viesse uma algazarra infantil. Identifiquei o som, fui andando em sua direção e fiquei deslumbrado: era uma escola, jardim de infância o adulto que me acompanhava explicou. Eu quero estudar nessa escola, pedi. Foi uma das primeiras decepções que experimentei: era longe, era difícil chegar, era impossível me levarem diariamente para ali.
     Depois, ao longo da vida, fui conhecendo muitos e muitos outros, nas diversas cidades em que morei. Nessas, a mais agradável e surpreendente foi sem dúvida Curitiba. No Centro da cidade, várias e muito agradáveis grandes praças, como General Osório,  do Passeio Público e seu interessante zoológico,  Praça Santos Andrade com seu belo prédio da Faculdade de Direito da UFP,   Generoso Marques,  Tiradentes, tantas outras. Nos bairros, entretanto, ficam as jóias da coroa: os diversos parques, grandes áreas destinadas ao lazer e ao convívio popular, provando que no Brasil existe, sim, provas sobre o que o planejamento urbano correto pode fazer. Barigüi, Barreirinha, Pedreira Paulo Leminski, Tingui, o belíssimo e novo (ao menos para mim) Parque Tanguá, e muitos outros. Curitiba já era quando lá morei há muito tempo e continua sendo a melhor cidade brasileira de grande porte. E um detalhe importantíssimo, ao menos para mim: não percebi cercas, grades, empecilhos de qualquer espécie que dificultasse o acesso, em nenhum deles.  Dedicação à causa popular e liberdade, receita infalível de exercício da cidadania.

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